27 de set. de 2010

Com ou sem parênteses?

Faz tempo, foi-se embora aquela expectativa toda.
Aquela euforia a cada pequeno passo. (Seria esta a química da paixão?)

Foram-se as lágrimas, ficou uma mágoa pequenina e insignificante.
Foi-se a agonia à espera do amanhã, vieram as certezas das precipitações de ontem.

Foi-se o ódio ao me confrontar com seu telefone desligado;
Ficou somente a constatação. (Sem julgamentos!)

Foi-se a certeza de que fiz tudo certo. (Ficou a certeza de que fiz tudo que pude.)
(Foi-se a certeza de que não te magoei) Ficou a dúvida sobre o que te fiz sentir.

Faz tempo, entendi que algumas coisas permaneceriam...
Impregnadas nos tecidos, nas narinas, nos desejos, nos sons, nos lugares.
(Desisti de lutar contra; bobagem! Somos mesmo bastante parecidos.)
Melhor pensar que algumas coisas também permaneceram em você.

Há pouco, admiti pra mim mesma os meus atropelos;
Entendi que te fiz mal, querendo te fazer mais homem.
Tive vergonha de mim; entendi que eu mesma ainda não era tão mulher assim.

Aquelas coisas, as que permanecem, hoje não me tocam mais tão profundamente.
(Pode ser que toquem, mas simplesmente pelo que realmente são, não mais pelo significado que eu gostaria outrora de decifrar em cada vírgula.)

Bom saber que minha música ainda toca no seu repertório,
Que você ainda se encaixa no meu colo.
(A paixão que me tirava os sentidos foi-se embora, mas) O gosto é o mesmo.

Aliás,
Acho que agora gosto mais de você arroz-com-feijão do que capelleti de espinafre.
(Ficou na minha memória um gosto latente de boca suja de cotidiano.)

Gostaria bastante do sabor suco de laranja fresco no café-da-manhã preguiçoso de um domingo qualquer (completamente despretensioso):

E você pediria (com aquele tom manso de quem sabe o que quer) que preparasse seu suco (porque não compactua com meu café), sem hesitar em me ofender com seu comodismo.

E eu já o teria feito (enquanto fervia a água, juntava as bagunças e te via dormir aquela hora a mais de sempre) sem hesitar em concordar com seu comodismo, sem reclamar da sua preguiça, sem te chamar de filhinho-da-mamãe. (Porque gosto de você manso, espalhado, menino criado a pão-de-ló)

E ouviríamos as músicas que um dia me enlaçaram no seu bom-gosto musical,
E daríamos risadas da fuga estratégica da animação do sábado dos nossos amigos.
E manteríamos o ritmo lento e a respiração carregada que deve ter um bom domingo,
Sem pensar no amanhã.

(Porque agora, tomada deste sentimento sem-nome mais maduro mas ainda completamente puro, entendo que é assim que todas as coisas devem ser.)

2 comentários:

  1. e tenho dito. (:
    amei o texto.

    brasil.

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  2. rsrsrsrsrsrsrsrs......meu sorriso é sincero e lindo de alguem q leu e adorou, o q cada palavra realmente significa...borboleta meu anjo é flor q voa!!!

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Faça o que tu queres pois é tudo da lei...