11 de mai. de 2008

coisas importantes a saber sobre mim:

não gosto de dependência. não gosto de gente que não gosta de independência.
não gosto de convenções, fórmulas, hierarquias, horários, métodos, segregações.
não gosto de indiferença, tenho pavor de competições. queria que as pessoas precisassem querer menos. a gente seria feliz mais facilmente com menos querências.

não gosto de limitações, detesto que queiram resolver minha vida pra mim, acho difícil errar e difícil ser mandada. preciso aceitar que errar é parte do jogo. detesto jogos, detesto meias-palavras, detesto eufemismos. gosto das palavras bem ditas, mesmo que só estejam ali nas entrelinhas. por isso talvez é que ame poesia. os meus bons poetas são aqueles que sabem exatamente o que dizem por trás de belas palavras.

leio menos do que gostaria, me sinto mais desesperançada do que gostaria, tenho mais tempo livre do que gostaria. me sinto muito desentendida, acho que falta em muitas pessoas a "lubrificação intelectual" de ler as minhas entrelinhas, que estão aqui, expostas nos meus olhos, que não sabem fingir, nem esconder. nos meus olhos que pedem que me decifrem.

tenho um sorriso estampado no rosto, que nem sempre reflete o que se passa no meu coração, mas que ainda assim não deixa de estar ali, segurando meus olhos tristes. sonho com segurança, tranquilidade, paz de espírito. sonho em ter um dia um restaurante e filhos. na praia. e uma vida muito tranquila.

não tenho grandes ambições ideológicas e acadêmicas, queria muito ter dinheiro pra ter uma vida tranquila, só. sem precisar morrer pra isso e sem precisar ficar rica pra ser feliz. não quero ser estrela, não quero fazer novela, não quero ser famosa. não quero ser referência, objeto de estudo, não quero criar métodos e ser admirada por eles.

quero ser a boa mãe que é a minha mãe. no momento certo. aí sim quero ser referência.

atualmente só consigo acreditar no amor fraterno. e acho muito bom ter bons amigos e me sentir amada, e ainda melhor ter capacidade de dizer a eles o quanto os amo.

acho que as pessoas seriam mais felizes se conseguissem se libertar das tais convenções que tanto detesto. acho que todos são melhores quando tem conhecimento de si e são capazes de lidar com as proprias vontades. independente das consequencias, independente do que pensam os outros, independente do que dizem os bons modos.

tenho certeza que queria um ombro onde enconstar pra dormir essa noite. tenho certeza que é dificil pra mim permitir que alguém entre desse modo na minha vida.

tenho certeza que chorar pra mim é uma coisa fácil, mas nem sempre por motivos fáceis. chorar é mais fácil que me abrir. mas não é melhor. ficam umas gotas guardadas que só abraço de amigo consegue secar.

adoro ficar de pé no chão, adoro o vento que vem do mar, adoro ter liberdade com as pessoas que me são caras. adoro poder dizer "trepar" em vez de "transar" e "vai tomar no cú" em vez de "vai tomar banho" com a certeza de que não ofendo.

há alguns anos ando me abrindo de cascas que me prendiam em mim mesma. queria ser menos exigente. a cada casca que sai descubro o quanto sou rigorosa comigo mesma, e o quanto há de beleza de dentro de tanta insegurança e tanta cobrança e tanto medo de errar.

ando me sentindo um pouco velha. um pouco atrasada. e isso é pura burrice! é mais uma das minhas cobranças! pela primeira vez na vida não sou a filha perfeita, que cumpre horários, que consegue tudo que quer, e devia estar feliz por estar conseguindo me permitir de certa forma fazer a coisa errada. quero tempo pra pensar, pra escrever. pra me organizar pra mim mesma.

queria entender tudo que me dizem, queria que todo mundo entendesse as coisas que eu digo.

sou muito impaciente, muito mesmo. no transito então, por vezes tenho desejos assassinos. não tenho muita paciência com as pessoas. elas normalmente tem que me provar primeiro que a antipatia que criei por elas é inútil. acho dificil conversar com qualquer pessoa sobre qualquer coisa, apesar de muita gente me achar o proprio "confessionario" ambulante.

eu queria que as pessoas quisessem me ouvir mais do que me contar, ou do que me apontar soluções superficiais pras coisas que parecem obvias mas não são.

queria acreditar que um dia vou construir uma família. hoje em dia me pego completamente desacreditada desse tipo de amor. aliás, tenho como conceitos muito distintos esse tal amor do que se chama desejo. acho que antes do amor somos bichos, acho sim que a gente sabe pelo cheiro, antes de pela ideologia, o que é que nos atrai. acho que misturar as duas coisas a ponto de trata-las como a mesma só complica ainda mais o que separado já pode ser muito complicado. tambem acho que nada é só uma coisa ou outra, ninguém é isso ou aquilo, apenas está. e devia ser mais fácil pra todo mundo respeitar o "estar" de cada um.

quero crer que sou um ser extremamente protegido. me pego pensando qual foi a ultima vez que eu rezei e não consigo me lembrar. mas tenho certeza da minha propria fé. sei que nada é por acaso, sei que Deus está comigo, sei que sou a todo tempo guiada, cuidada, protegida, pra seguir pelos caminhos certos para os momentos certos e fazer as melhores escolhas a cada um desses momentos.

sou um tanto vaidosa dentro da minha displicência. mas sem perder a displicência jamais.
não penteio cabelo, nunca, só quando acabo de lavar. mas não tiro a mão dele o dia inteiro e não perco uma chance na frente do espelho. não me sinto eu mesma sem meu esmalte vermelho, mas basta a ansiedade passar por perto e destruo todas as unhas. amo um chinelo e um short, mas sei exatamente qual é a imagem que passo com isso.

ando muito triste, me sentindo muito sozinha, mas sei que eu sofro mais do que preciso geralmente e fico muito feliz quando alguma coisa me prova que estava enganada. já dizia um velho amigo que sou dramática de natureza. outro dirá, é escorpiana. e sou, de sangue quente. mas sou mesmo é uma menina, ingênua, que quer acreditar na bondade das pessoas e quer pouco pra si mesma. que quer o direito da tranquilidade. e do amor. que quer muito ser mãe um dia e acha que nasceu pra isso. que quer muito ser boa, e ser respeitada sendo boa, e não abusada. que quer muito que o mundo se liberte das amarras que causam hoje o preconceito, a violência, o desamor, as tantas mágoas, as tantas mortes, as tantas mães sem filhos, as tantas dependências.

eu sou só uma menina que quis crescer antes do tempo e agora quer ser menina de novo.

carta a frederico - ode ao desasossego!

por mais que nem sempre eu entenda, é bom saber que eu sou entendida.

mas dá um aperto, um desasossego, que fica martelando sempre que alguém ousa me decifrar tão bem: porque me expreme e não me conforta?

tudo que eu quero é conforto, sossego, tranquilidade. pra sempre. tudo que eu quero é acalmar o que me tira do eixo todos os dias.

e de repente, sem que eu tenha escolha, passa um furacão que me pede respostas às minhas próprias perguntas... não sei se respondo por elas, ou por ele. não sei se entendo o pedido. não sei se é pra ser entendido.

sei que confio, sei que confundo. sei que no fundo somos farinha do mesmo saco. sei que por mais que tudo pareça passo em falso, e por mais que passo em falso pra mim seja estranho, quero mais é que você não tema dizer o que pensa, mesmo que imagine que possa me fazer mal. faz bem. me faz ver que eu sou menos só no mundo do que pareço ser.