22 de fev. de 2012

Da liberdade do não.

É que a reticência tem o poder massacrante de permanência. 
O talvez prospera... gera (im)probabilidades. Permanece. Paira. 
Mantém laços que não existem como auras mortas sobrevoando as expectativas frustradas de quem só ouve silêncio. 

E do outro lado, a reticência deixa o espaço, o quarto vazio, a porta aberta. 
O silêncio que está na reticência é o conforto do colo quente daquela que não sabe se espera pelo sim, ou pelo não. 

Já o NÃO é mágico: 
O bendito não, quando bem dito, apazígua as almas de quem ouve e de quem fala. 

Talvez o conforto não seja o mesmo dos dois lados: 

- A paz é maior para aquela que, outrora, esperava ansiosa na permanência da dúvida e agora se vê livre. Ela não quer que nada de mal aconteça, não deseja mal a ninguém. Ela espera que ele tenha aprendido a dizer mais nãos. Deseja que ele tenha aprendido a dizer mais "sim" pra vida e menos "talvez". Deseja que tudo de bom o aconteça. Está bem, está feliz, está de portas abertas pra novos ares, se sente imensamente livre, evoluída, bem-resolvida. 

- Do outro lado se sabe pouco. Ele se abstém de dizer muito mais. Dizer "não" já pareceu tão difícil... Fechar ciclos não é seu forte. Ele também não a deseja mal, nem pretendia prendê-la com tantas dúvidas (tão genuínas). Não havia o princípio da maldade, ela sabe. Talvez somente uma acomodação qualquer. Ele parece ter resolvido algo com o ciclo que ela sugerira no dia do NÃO que ele devesse fechar (resolver, reabrir). Parece que agora se casa... (?) Que Deus o guie no melhor dos caminhos. 

A reticência que existe é uma saudadezinha boa da amizade que há de permanecer em algum momento do futuro. Não hoje. Talvez sempre. Outra pausa, outra reticência. Eles se entendem com seus pontos e vírgulas.