6 de mai. de 2012

Da demasia.


Eu sou alienada demais para ser artista. 
Sou desregrada demais pra ser concursada. 
Sou lúcida demais para entorpecentes. 
Desatenta demais para a rotina. 

 Sou careta demais para as modices. 
Sou moderna demais para as caretices. 
Sou jeca demais para a capital. 
Cosmopolita demais para o interior. 

 Sou sincera demais para os lunáticos. 
Sou intolerante demais para as burrices. 
Escorpiana demais para os piscianos. 
Interessada demais pelos desinteresses. 

Sou espontânea demais para horas marcadas. 
Indecisa demais para improvisos de percurso. 
Fechada demais para novas amizades, 
Aberta demais para o novo* 
*(Aberta demais para o que está por vir.) 

 "Língua-solta" demais para joguetes. 
Sou palavras demais para uma lauda.** 
**(Sou caracteres demais para um post.)

Bruna Veloso
06/05/2012

22 de fev. de 2012

Da liberdade do não.

É que a reticência tem o poder massacrante de permanência. 
O talvez prospera... gera (im)probabilidades. Permanece. Paira. 
Mantém laços que não existem como auras mortas sobrevoando as expectativas frustradas de quem só ouve silêncio. 

E do outro lado, a reticência deixa o espaço, o quarto vazio, a porta aberta. 
O silêncio que está na reticência é o conforto do colo quente daquela que não sabe se espera pelo sim, ou pelo não. 

Já o NÃO é mágico: 
O bendito não, quando bem dito, apazígua as almas de quem ouve e de quem fala. 

Talvez o conforto não seja o mesmo dos dois lados: 

- A paz é maior para aquela que, outrora, esperava ansiosa na permanência da dúvida e agora se vê livre. Ela não quer que nada de mal aconteça, não deseja mal a ninguém. Ela espera que ele tenha aprendido a dizer mais nãos. Deseja que ele tenha aprendido a dizer mais "sim" pra vida e menos "talvez". Deseja que tudo de bom o aconteça. Está bem, está feliz, está de portas abertas pra novos ares, se sente imensamente livre, evoluída, bem-resolvida. 

- Do outro lado se sabe pouco. Ele se abstém de dizer muito mais. Dizer "não" já pareceu tão difícil... Fechar ciclos não é seu forte. Ele também não a deseja mal, nem pretendia prendê-la com tantas dúvidas (tão genuínas). Não havia o princípio da maldade, ela sabe. Talvez somente uma acomodação qualquer. Ele parece ter resolvido algo com o ciclo que ela sugerira no dia do NÃO que ele devesse fechar (resolver, reabrir). Parece que agora se casa... (?) Que Deus o guie no melhor dos caminhos. 

A reticência que existe é uma saudadezinha boa da amizade que há de permanecer em algum momento do futuro. Não hoje. Talvez sempre. Outra pausa, outra reticência. Eles se entendem com seus pontos e vírgulas.